sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Inspiração


Mistura

Em alguns lugares pode ser comida e levada à mesa sobre o prato...
Aqui é para anunciar que estou voltando com o blog e como é sobre poesia e a diversas manifestações que este gênero possui, vou escrever de tudo um pouco e fazer daqui uma MISTURA.
Que comece 2016!

sábado, 29 de novembro de 2014

Em seu colo.

Ponho-me a lamentar
Suas questões confusas
Minha teimosia absurda
Dele um silêncio
A palavra já foi dita
Um rosto no escuro
E um gesto fraterno
Se estende em mim um calor
Seu rubro maternal aconchego
Seus braços enormes me envolvem como a um gato
E ainda em meu lamento, você me acalma
Em seu colo 
Nossa unidade, meu amor. 

sábado, 22 de fevereiro de 2014

A urtiga.

Do vasto campo que se estende a grama, ninguém imagina as histórias que a terra pode contar. Pelo ranger das árvores, posso sentir a calmaria do local. Por segundos, resolvi me encostar naquele enorme salgueiro, as nuvens eram sopradas pelo vento e algumas eram cinzas. O verão se fez, e eu me regozijava em tal clima.
Aos poucos, relaxei. Lembrei do curso de meditação na barulhenta Dublin, eram momentos de retidão e contato comigo mesma. O cenário foi mudando, se alterando e como um breve voo, fui acalentada por um jovem rapaz, os olhos azuis e os trajes simples, me levaram a ver que se tratava de um Celta, a tribo comemorava a vitória. As mulheres dançavam ao som de tambores, a chama da fogueira estava alta. Fui convidada a comer e honrar os Deuses da guerra que garantiram uma vitória esplêndida àqueles que estiveram no campo.
Enquanto alguns bebiam e outros contavam histórias, eu fui atraída por uma pessoa com um capuz acinzentado escuro, essa figura andava pela festa despercebida pela maioria, aos poucos, fui acompanhando aquela pessoa, até que me deparei em um campo, cheio de cadáveres, o sangue ainda molhava a terra, o sangue a nutria como o seio materno alimenta um recém nascido. Ainda dava para sentir o calor da batalha no ar, gemidos e grunhidos, esperanças rompidas e promessas que não poderiam ser cumpridas.
Em um determinado momento me senti ser observada, analisada dos pés a cabeça, olhos pretos e profundos arranharam minha alma, vasculhando meus desejos e cutucando minhas feridas, me senti vazia. Quando consigo finalmente me libertar daquela sensação, me pego na euforia da dor, aonde o ataque é a melhor defesa, me movo para frente, tentando retornar para a tribo, só que um corvo aparece e com um grunhido estridente me coíbe de avançar. Uma jovem mulher aparece por entre os corpos, empunhada de sua lança, sem estandarte e com os olhos negros. Eu esfrego minha mãos contra meus olhos e ainda assim a vejo, se aproximando cada vez mais de mim. Ela me toca, me corta com a ponta da lança, me cheira e diz, bem vinda aos meus domínios. Morrigan a Senhora da guerra e da magia, me saúda e conta sobre a batalha. Aqueles que se entregaram à ela, aqueles que rezaram para ela, e aqueles que partiram com ela. Aos poucos, ouço outro corvo berrar, o campo muda, estou em outro canto dele, e quem vem ao meu encontro é uma moça de cabelos longos e dourados, sua armadura é impecável, ela me olha e pergunta, meus domínios são seus?
Respondo que são, passei pela esperança, pela dor, pela perda e vitória, Anu, seus domínios são meus. Ela sorri, diz que batalhas acontecem a todos os instantes, e me entrega uma espada. A princípio o peso me desequilibra, mas aos poucos se torna uma extensão de mim mesma. De repente, vejo novamente aquela figura com o capuz, e Anu já não está mais comigo. A figura sai do campo e entra em uma floresta escura, os corvos já não gritam mais e eu me deparo numa clareira, há uma grande árvore que permite que alguns raios de luz da lua penetrem sua escuridão. Aos poucos vejo uma senhora se mexer, em uma de suas mãos há um crânio, ela pergunta se eu me atrevo a entrar em sua floresta, pois os vivos e os mortos temem sua presença e sabedoria. Digo que ela me tocou e que deveria vê-la, pois dela são os segredos da vida e da morte, através dela eu renascerei em poder e força, Corvo da batalha que me guiou até aqui, permita que eu continue a crescer em sua sabedoria e com toda minha magia, que é necessária, que me é direito eu clamo por ti. Ela sorri e me presenteia com uma pena negra, aos poucos uma nuvem de incenso me envolve, eu retorno a tribo, me despeço do menino e volto ao meu tempo, o campo vasto me contou sua história. Em minha mão direita, a pena me lembra do encontro com as Morrigan. Que a glória Dela nos sorria em cada uma de nossas batalhas, quem assim seja e assim se faça.

The Morrigan


A Dream.